sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CAMISA DE FORÇA

Hoje eu quero o verso sem a rima
Para empobrecer a alma, enriquecer o tédio
Não, para inventar palavras novas, complicar o verbo.
Eu quero mesmo é falar...falar...falar...falar...
Sem que me entendam, os que me visitam
Porque, a minha casa está, completamente, vazia.
O que eu sou, apenas, a solidão, quis entender
Portanto, não sou alegre e não me faço alegre
Por, absoluta, falta de talento, de conhecimento.
Quem há, de querer ler essas coisas sem cabeça e pés?
Hoje eu quero o verso sem a sina
Para empobrecer o tédio, enriquecer a alma
Não para usar as palavras que conheço, entender o verbo.
Eu quero me calar..calar..calar...calar...
Para que me entendam, os que me visitam
O que eu sou, apenas, a alegria quis entender
Porque, a minha casa está, felizmente, cheia.
Portanto, eu sou alegre e me faço alegre
Por, absoluta, presença de talento, conhecimento.
Quem há, de querer ler essas coisas da cabeça aos pés?


***************************************

CAMISA DE FORÇA II

Graças a Deus eu sou um homem livre
Não mais me veste aquela roupa branca
Não mais existe a porta, aquela tranca
Eu tive alta do hospício, eu tive.

Deixei pra trás os escuros corredores
Aquelas salas imensas, mal iluminadas
Janelas de ferro, todas gradeadas
Moscas, baratas, morcegos, roedores.

Deixei pra trás o tempo, pois sabia
Que a consciência, aos poucos, eu teria
Consolidada, plenamente, inteira.

Graças a Deus eu sou um homem livre
Eu tive alta do hospício, eu tive
Porque era um louco, só de brincadeira.

Amaro Vaz - Carangola, 10 de novembro de 2007

Nenhum comentário:

Postar um comentário