sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

SER

Seja tarde, porém nunca seja ausente
Seja apenas o limite, nunca o muro
Seja, ainda, a luz, porque mora o escuro
Na solidão, enlouquecida, do demente.

Seja manso, porém nunca seja um tolo
Seja, apenas, o que é teu, pode a visão
Desejar o que pertence ao teu irmão
E pensar, que na ilusão mora o consolo.

Seja o tronco, que alimenta o filho galho
Seja a estrada, porém nunca seja o atalho
Seja o sol, pois é preciso que haja luz.

Seja a sombra, nada mais te falta agora
Seja o tempo, saiba então fazer a hora
De acreditar em Deus, de entender a cruz.

Amaro Vaz - Carangola, 28 de novembro de 2007

PREÇO JUSTO

Quando em criança eu vendia pão
Biscoito de polvilho e brevidade.
Rodava os quatro cantos da cidade
Para ganhar uma gorda comissão.

No fim do dia, na sala de jantar
Mamãe fazia contas, calculava.
E tudo aquilo, que eu faturava
Numa parede branca ia anotar.

Usava lápis, nunca usou caneta
Pra não deixar a parede preta
Depois de sábado, após me pagar.

Porém na sexta-feira, que absurdo
A tal parede, onde anotava tudo
Mamãe pedia para alguém lavar.

Amaro Vaz - Carangola, 21 de novembro de 2007

***Ela nunca deixou de pagar as comissões, mas os valores sempre eram menores. Justificava-se: Você tem + 12 irmãos e apenas eu e seu pai...
Coisas de mãe...

INVASÃO DEFINITIVA

Me faço nobre, tua casa adentro
Não pelas frestas, nem pelas janelas
Eu vou inteiro, sem as olhadelas
Nas fechaduras do meu pensamento.

Fui convidado, em nome da amizade
Um sentimento uno, entre os seres
Que impõe alguns direitos e deveres
Pra que não cresça nela a falsidade.


Entrei sorrindo, pela porta da frente
Depois que te vi, alegre e sorridente
Braços abertos, pronta pro abraço.

E o velho amigo, coisa mais singela
Que antes usava as frestas da janela
Agora tem na tua casa um espaço


Amaro Vaz

VERSOS MADUROS

Ficou triste a poesia e de repente
O silêncio há de vir, em seu lugar.
Eu confesso, dá vontade de chorar
Ficou triste a poesia, infelizmente.

Se versos eu faço, versos eu recebo
Sem nenhuma vontade de iludir.
Não quer a minha poesia, competir
Pois, acha triste e infeliz o enredo.

Melhor fugir dessa terrível saga:
Triste a mão, que apedreja e afaga
O verso amigo de um poeta irmão.

Deixe de lado essa visão sem nexo
Que a poesia é simples, não tem sexo
E nem tem queda pra competição.

Amaro Vaz - Carangola, 13 de novembro de 2007

CEGUEIRA

Qual um diabo em forma de gente
Foge de mim, como se eu fosse cruz.
Diz que meu beijo, já não lhe seduz
O meu abraço, já não é tão quente.

Vive na rua, quando em casa estou
Sempre me deixa, só com meus vazios.
Casa da mãe, casa da irmã, dos tios
Um dia inteirinho, a infeliz voou.

O tanque cheio de roupas, pra lavar
A mesa cheia de roupas, pra passar
E as panelas sujas enchem as pias.

Enquanto eu dou duro o dia inteiro
A miserável gasta o meu dinheiro
Com roupas caras e bijuterias.

Amaro Vaz - Carangola, 12 de novembro de 2007

O CÃO NOSSO DE CADA DIA

Tenho tudo o que vida, pôde dar
Um emprego, com salário mediano
Entra ano, meu Deus, e vai o ano
Sempre sobram, contas pra pagar.

Uma casa sem muros, sem portão
Nunca tenho a grana do tijolo.
Se pra muitos ter casa, é consolo
Para mim é uma grande confusão.

O vizinho, lá do alto, tem cachorro
E o bichinho, todo dia, desce o morro
Pra fazer seu xixizinho na garagem.

Que está vazia, eu sei, falta o carro
Nem por isso é preciso, tirar sarro
Pois, mijar na parede é sacanagem.

Amaro Vaz - Carangola, 12 de novembro de 2007

HOSPÍCIO II

Não enlouqueça mais, linda menina
Que a loucura é muito traiçoeira
E eu preciso, que me venha inteira
Como um anjo de asa pequenina.

Não enlouqueça o verso, mesmo lindo
Ele me assusta, não posso perdê-la.
Depois que descobri, que é a estrela
Que no meu céu eu vejo reluzindo.

Não enlouqueça, fuja deste hospício
Vem despencar de mim, sou precipício
Sou paraquedas do teu voar mais lindo.

Não enlouqueça, porque amanheceu
E aquele sonho, que era só meu
Agora é nosso, por isso estou sorrindo.


Amaro Vaz

APRENDIZ DE AMOR

Infelizmente amor, infelizmente
O fim venceu a guerra, lá vou eu...
Cuidar do sentimento, que é só meu
Cuidar melhor de mim, daqui pra frente.

Infelizmente amor, infelizmente
A gente nunca se deu o real valor
A gente nunca ouviu um inteiro amor
Gritar dentro nós: Estou presente...

Infelizmente, eu sei, deu tudo errado
Porém não ligo, já estou acostumado
Com a ausência, com a vazio, a solidão.

Infelizmente, eu vou, por outros caminhos
Sonhar com flores e lidar com espinhos
Quem sabe um dia, eu aprenda a lição.

Amaro Vaz - Carangola, 11 de novembro de 2007

NUDEZ

Com simples gotas, assim quer a menina
Vestir o corpo, que nudez tão louca
Seja bem-vinda assim, nenhuma roupa
Que a poesia este vestir ensina.

Quer a menina, na tua simplicidade
Fazer valer o verso, perfumar o sonho
Deixar feliz, alegre, contente, risonho
O velho poeta da terceira-idade.

Quer a menina eu sei, doce ternura
Dizer ao criador, que a criatura
Tocou profundo em teu coração.

Quer a menina, amiga e poetisa
Mulher de fibra, linda Ana Luiza
Vestir as gotas do poeta irmão.

Eu apenas queria, que você soubesse...( Gonzaguinha)

Amaro Vaz - Carangola, 10 de novembro de 2007

CAMISA DE FORÇA

Hoje eu quero o verso sem a rima
Para empobrecer a alma, enriquecer o tédio
Não, para inventar palavras novas, complicar o verbo.
Eu quero mesmo é falar...falar...falar...falar...
Sem que me entendam, os que me visitam
Porque, a minha casa está, completamente, vazia.
O que eu sou, apenas, a solidão, quis entender
Portanto, não sou alegre e não me faço alegre
Por, absoluta, falta de talento, de conhecimento.
Quem há, de querer ler essas coisas sem cabeça e pés?
Hoje eu quero o verso sem a sina
Para empobrecer o tédio, enriquecer a alma
Não para usar as palavras que conheço, entender o verbo.
Eu quero me calar..calar..calar...calar...
Para que me entendam, os que me visitam
O que eu sou, apenas, a alegria quis entender
Porque, a minha casa está, felizmente, cheia.
Portanto, eu sou alegre e me faço alegre
Por, absoluta, presença de talento, conhecimento.
Quem há, de querer ler essas coisas da cabeça aos pés?


***************************************

CAMISA DE FORÇA II

Graças a Deus eu sou um homem livre
Não mais me veste aquela roupa branca
Não mais existe a porta, aquela tranca
Eu tive alta do hospício, eu tive.

Deixei pra trás os escuros corredores
Aquelas salas imensas, mal iluminadas
Janelas de ferro, todas gradeadas
Moscas, baratas, morcegos, roedores.

Deixei pra trás o tempo, pois sabia
Que a consciência, aos poucos, eu teria
Consolidada, plenamente, inteira.

Graças a Deus eu sou um homem livre
Eu tive alta do hospício, eu tive
Porque era um louco, só de brincadeira.

Amaro Vaz - Carangola, 10 de novembro de 2007

O FAZER POETA

Finge o poeta uma dor tão mentirosa
Que ao se expor em forma de palavras.
Insiste em voar, mesmo sem asas..
Ao declarar-se amado em sua prosa.

Finge somente, porque quer iludir
Deixar o outro, sujeito às suas dores.
E a sua alma, tão cheia de valores
Vê-se impedida, de auto se abolir.

Fazer a poesia é um longo parto,
Cordeiro envolto em pele de lagarto,
Não quer o lobo exposto, simplesmente.

E ao misturar mentiras com verdades
Quer o poeta com as suas identidades
Inocentar o verso inconseqüente.

Amaro Vaz - Carangola, 03 de novembro de 2007

QUEM SOU?

EU SOU UM VELHO ARRETADO
ATREVIDO E GARANHÃO
CUIDADO COMIGO MERMÃO
QUE O BOTE TÁ ARMADO
SOU MALUCO E COMPLICADO.
ESTOU AQUI POR ACASO
COM JENÁRIO, TENHO UM CASO
DE POLÍCIA, PEGA LEVE
JULGAR,... A GENTE NÃO DEVE
SOU FLOR, MAS NÃO DOU EM VASO.

CINQUENTA E CINCO, EMBORA...
PAREÇA SER BEM MAIS NOVO
SOU DO MUNDO, SOU DO POVO
SOU, FILHO DE CARANGOLA
TÁ CALOR AQUI, AGORA...
QUANTO ÀS EXPERIÊNCIAS
SOU FÃ DE UMAS SALIÊNCIAS
SÓ ASSIM EU PISO NO FREIO
OUTRA VEZ, ..ISTO É FEIO
PENSASTES EM INDECÊNCIAS...

O ÍTALO, O THALLES, A LEILA
SÃO MINHA BASE, O ESTEIO
O DOCE, O SAL, O RECHEIO
A FAMÍLIA, A EIRA E A BEIRA
A FELICIDADE INTEIRA.
SOU TUDO O QUE TÁ ESCRITO
ASSINO EMBAIXO, DOU VISTO
SOU SÉRIO E SOU BRINCADEIRA.



Amaro Vaz

(Uma brincadeira para um tópico da comunidade onde o título era: QUEM SOU).
KKKKKKKK

ELAS POR ELE

Eu creio em tudo e acredito em todos:
Os cães que mordem, sendo cães que latem
Em mãos que afagam, sendo mãos que batem
Em carneirinhos, que escondem lobos.

Eu creio no céu, mesmo vivendo o inferno
Em tudo eu creio, em tudo eu acredito.
Creio existir silêncio, dentro de um grito
Creio no pulso forte, no abraço terno.

Eu creio no ódio, eu creio, até, no amor
Creio em Deus, o nosso pai, o criador
No livre arbítrio, faça-o-que-quiser.

E por crer, em tudo e todos, simplesmente
É que, hoje, sofro a dor, inconseqüente
De acreditar no amor de uma mulher.


Amaro Vaz - Carangola, 31 de outubro de 2007

FESTA DE DESPEDIDA

Vestiu, apenas, umas gotas de perfume
O quarto encheu de flores e de velas.
Deixou fechadas todas as janelas
No teto desenhou uns vaga-lumes.

No seu criado-mudo, um cinzeiro
Servindo de apoio, para o incenso.
Com loucas artimanhas e bom-senso
Pintou seu corpo nu no travesseiro.

Na cama espalhou umas almofadas
Deixou todas as fotos espalhadas
Algumas na parede, outras no chão.

A noite inteira, me amou com garra
Fez dengo e festa, uma grande farra
Pra comemorar nossa separação.

Amaro Vaz - Carangola, 30 de outubro de 2007

PAPO DE MALUCOS

O ROCEIRO:

SEU DOUTÔ QUE MARAVIA
É ESSE TÁ DE ARTOMOVE
LEVA O PAI, A MÃE E A FIA
TUDO ELE ARRESORVE
SE PUDESSE, EU TERIA
NA MINHA CASA ‘UNS NOVE.


O ADVOGADO:

A CIDADE E O CAMPO
VÊM ESTE LOUCO MENINO
CORRENDO PRA TODO CANTO
DESAFIANDO O DESTINO
O HOMEM É SÓ ENCANTO
POR ESTE BICHO ASSASSINO.

O ROCEIRO:

É ISSO MESMO DOUTÔ
ASSASSINO DIPROMADO
SE O HOMEM, SEU CONDUTÔ.
QUANDO NELE, É APRESSADO.
PRUQUÊ O HOME INVENTÔ
ESTE BICHINHO ALOPRADO?

O ADVOGADO:

VOU TENTAR LHE EXPLICAR
É SIMPLES... PRESTE ATENÇÃO!
CABE AO HOMEM INVENTAR
A PLENA SATISFAÇÃO
E COMO NÃO A SABE USAR
METE-SE EM COMPLICAÇÃO.

O TAL CARRINHO FOI FEITO
PARA ENCURTAR O CAMINHO
ELE É UM INVENTO PERFEITO
NENHUM CARRO ANDA SOZINHO.
SE O HOMEM ANDASSE DIREITO
NÃO O MATAVA, O BICHINHO.

O ROCEIRO:

QUEM TE ESCUTA , SEU DOUTÔ
PENSA QUE OCÊ TÁ CADUCO
MAIS DISPOIS QUE OCÊ FALÔ
EU TI ACHO BEM MAIS CURTO
A CULPA É DO CONDUTÔ
QUE CORRE FEITO UM MALUCO.

VOU NA TÁ CONCESSIONÁRIA
COMPRÁ LOGO TREIS CARRINHO
UM PRA FIA JANUÁRIA
E UM OUTRO PRO ZEZINHO
LOGO, LOGO EU TÔ NA ÁRIA.
CUM MEU CARRINHO, ZERINHO.

O ADVOGADO:

TENHA CALMO, MEU AMIGO.
VOCÊ É HABILITADO?
OUÇA BEM O QUE LHE DIGO
SINTO-LHE MEIO AVEXADO
DIZEM QUE MORA O PERIGO
NUM SONHO DESGOVERNADO.

O ROCEIRO:

QUI QUÉ ISSO SEU DOUTÔ
EU VÔ CUIDÁ DA CARTÊRA
ZEZINHO MATRICULÔ
NUMA ESCOLA VERDADÊRA
INTÉ JANUÁRIA TOMÔ
AULA A SEMANA INTÊRA.


O ADVOGADO:

ISTO POSTO, VAI EM FRENTE
COMPRE OS CARROS QUE QUISER
UM MODELO DIFERENTE
PARA A FILHA E A MULHER
SEJA BASTANTE EXIGENTE
NÃO COMPRE UM CARRO QUALQUER.


O ROCEIRO:

SEU DOTÔ, MUITO OBRIGADO
PELA ATENÇÃO DISPENSADA
PROMETO, VÔ TÊ CUIDADO
NAS CIDADE, NAS ESTRADA
NESSE BICHO ABENÇOADO
EITA INVENÇÃO DANADA.




Amaro Vaz


Endoidei a cabeça geral...kkkkk

R E C E I T A

Conquiste uma mulher muito carente
Daquelas, que se dão inteiramente
E dê a ela um pouco de atenção.
Agregue algumas gotas de carinho
Pitadas de abraços e beijinhos
E uma dose certa de emoção.

Depois de consumada esta mistura,
Prometa-lhe amor e outras juras
E cumpra, fielmente, os seus deveres.
Declame o seu poema preferido
Comente sobre um livro, antes lido
E a deixe viajar em seus prazeres.

Quando, na cama, em uma noite fria
Explore todas as suas fantasias
Permita-lhe que viva intensamente.
Não deixe de incluir nesta receita
Algumas safadezas - ela aceita...
E, em aceitando, dá-se loucamente.

Mulheres, quando choram, fique atento
Esboçam muito mais que um sentimento
Invocam muito mais que uma dor.
Não pense no “eterno enquanto dure”
Não há uma união, que se perdure
Ou sobreviva à falta do amor.

Toda mulher, quer ser paparicada
Sentir-se, a todo instante, desejada
E ter o seu homem na palma da mão.
Permita-lhes, portanto esses caprichos
Mulheres são iguais aos outros bichos
Atacam pelo instinto o coração.

Mas, quando morre o amor - antes eterno-
Prepare - se... Pois é certo o seu inferno!
Seu ódio é vil.. Valores? Só dinheiro...
Mulher não é bolo inglês de padaria
Não tente compará-la a uma iguaria
Procure respeitá-la o tempo inteiro.

Não dê a uma mulher o desconforto
O coração de um homem é o seu porto
E o barco da paixão é o seu amante.
Enquanto ela caminha ao seu lado
Cuidado com o olhar desconfiado
Que ela a ti dirige a todo instante.

Finalizando esta receita louca
Cuidado, uma mulher com muita roupa
Às vezes esconde uma falsa dama.
É que o pudor, depois de corrompido
Explode-se em desejo proibido
Capaz de incendiar-se numa cama.

Amaro Bento Vaz Filho
Fortaleza - Sábado - 04.10.97

SABEDORIA

Fosse o mar
Arrogante
Mar não seria.
Faz-se humilde
Menor e menos denso
Pra receber o rio.
Como é sábio o mar...
Por isso é grande
E como o mar eu penso.

Fossem os degraus
De uma escada
Dispostos: uns sobre os outros
A lugar nenhum levariam.
Como são sábios os degraus...
Por isso a escada é grande
E como a escada eu penso.

Fosse o homem
Menos hipócrita
E ajudasse mais
E mais ajuda pedisse
Como seria sábio o homem...
Eu, com esse homem sonho.

Amaro Vaz

FÁCIL DIZER

Fácil dizer “te amo”
Quando as coisas vão bem...
Se a lua aparece inteira e serena
Diante de nossos olhares apaixonados.
Fácil dizer “te amo”
Quando nada tememos na vida
Se a confiança é uma conquista verdadeira
Que promete-nos uma tranqüilidade futura
E, seguramente, duradoura.
Fácil dizer “te amo”
Quando as crianças podem brincar
Sob o olhar atento de uma babá.
Se - no banco - nossa conta conjunta
Oferece-nos a oportunidade sonhada: férias na Europa...
Fácil dizer “te amo”
Quando a geladeira está cheia
E o carro à disposição na garagem
Para os tradicionais passeios
Ao clube de campo preferido.
Fácil dizer “te amo”
Quando me olhas com essa carinha de anjo
E - bem de mansinho- te despes de todas as preocupações
De um dia tumultuado - cansativo e chuvoso.
Quando o que os outros pensam e dizem sobre nós
É capaz de levar-nos a gostosas gargalhadas.
Fácil dizer “te amo”
Quando não nos interrompem os passos...
Quando não nos cegam os olhos...
Quando não nos calam a voz...
Caso contrário...
Deixa-me no meu canto e busques acomodar-te no teu canto.
Faças e deixa-me fazer e cometer as minhas próprias burrices.
Para que o nosso amor - um dia tão intenso -
TENHA PELO MENOS O DIREITO DE  MORRER EM PAZ.


Amaro Bento Vaz Filho 29/10/07

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

A escuridão se fez. Dormiu a luz
Nas reentrâncias vazias do amor.
Perdeu o sonho aquela linda cor
É tudo treva... Uma pesada cruz.

Nenhum sorriso...Nenhuma alegria.
Só a ausência a motivar o medo.
A insegurança é o nosso enredo
O fim do amor a nossa alegoria.

Dormiu a luz... A escuridão se fez.
É tudo treva.... É tudo insensatez.
Nenhum de nós sobreviveu à dor.

Até o surdo, da velha batucada
Foi esquecido lá na arquibancada
Depois da morte desse louco amor.

Amaro Vaz - Carangola, 29 de outubro de 2007

CONFEITARIA

Não pode o amor em pedaços
Ter um céu de brigadeiro
Se dentro do açucareiro
O vazio faz os espaços.

Assim também é na vida
De um casal em conflito.
Se há dente, não há palito
Se há fome, não há comida.

Falta o sonho recheado
Por um creme preparado
Com açúcar e com afeto.

Falta o amor verdadeiro
O alimento primeiro
O resto é puro dejeto.

Amaro Vaz - Carangola, 28 de outubro de 2007

LUNIK 9 X LUNIK 2007

Poetas...seresteiros...namorados
Quem já ouvi alguém cantar assim?
Como se tivesse, antecipando o fim
Das serenatas e dos apaixonados.

Como um profeta, o compositor previa
O fim das luas e do gim com tônica.
A invasão da música eletrônica
O fim do violão, o fim da melodia.

E pedia, na simples humildade sua
Ao seresteiro, que não deixasse a rua
E ao poeta, um escrever urgente.

Dizia, que a lua ao ser conquistada
Não mais enfeitaria na madrugada
As serenatas que encantavam a gente.


Amaro Vaz - Carangola, 20 de outubro de 2007

Uma brincadeirinha com a música Lunik 9. Alguém se recorda ???

O QUE É ORVALHO ???

Para ser um orvalho é necessário
Pouco importa se menino ou garota
Que se seja uma pequenina gota
Feito um recém-nascido num berçário.

Para ser um orvalho é simplesmente
Necessário se sinta como o mar
Sabe ele pequenino se mostrar
Pra que o rio se faça a sua enchente.

É preciso pra ser um orvalho inteiro
Que se tenha consciência do hospedeiro
Que sustenta essa gota tão fugaz.

Porque a gota de orvalho, minha amiga
Eu já vi numa roseira e numa urtiga
Porque as duas o seu sonho satisfaz.


Amaro Vaz

TRAÍRES OUTROS

Diz que me ama o amor aventureiro
De uma mulher que vive a desventura.
Dos outros beijos, da infiel procura
Ao encontrar em mim seu cativeiro.

Me vem serena, sem arrependimento
E me chama de paixão, me beija a face.
Vem desprovida de qualquer disfarce
Pois, não precisa deste atrevimento.

Conhece o beijo, feito de ausências
Nas bocas órfãs de loucas indecências
Conhece, ainda, o meu falar de amor.

Por isso dorme inteira a nossa cama
E se num toque acendo a tua chama
Me ama com explosão e despudor.


Amaro Vaz - Carangola, 15 de outubro de 2007

CRIAÇÃO CRIANÇA

Deixei dormir no teu Criança Dia
Uma semente de infinitas cores
Um novo texto, uma ramo de flores
Um beijo cálido na tua poesia.

Tem essa mão, que ora brinca o verso
Necessidade de outros voares
Toda criança entende os luares
Como um pedaço de amor do universo.

Deixei dormir na tua pequenez
Um beijo simples da minha timidez
Deixei dormir em ti a esperança.

Deixei dormir a noite das estrelas
Para que a luz do dia, ao percebê-las
Tenha vontade, também, de ser criança.

Amaro Vaz - Carangola, 12 de outubro de 2007

CIÚMES

Nos teus braços eu me sentia protegido
Dos dissabores de sempre estar sozinho.
Mas, te perdi pra um maldito ursinho
Velho presente de um rapaz amigo.

Naquele instante não vi outra saída
Romper contigo, foi o melhor remédio.
Aquele ursinho transformara em tédio
A alegria que eu tinha em minha vida.

Hoje ao chorar a dor da tua ausência
Eu descobri, que me faltou experiência
Faltou-me tato e faltou-me astúcia.

Briguei contigo, e por puro capricho
Um lindo amor eu botei no lixo
Por causa de um ursinho de pelúcia.

Amaro Vaz - Carangola, 11 de outubro de 2007

VULTOS

Tudo o que temos é um pesado fardo
Cheio de coisas, pelo tempo, acumuladas.
Coisas que sagram e coisas cicatrizadas
Que nos remetem aos anos do passado.

Coisas que a gente via simplesmente
Encher a nossa vida de esperança.
Eu era um jovem e você uma criança
O nosso amor, ainda, uma semente.

Coisas que a gente viveu entre paredes
Coisas de amor num vai e vem de redes
Que deram à vida dois benditos frutos.

Coisas que fazem a nossa história
Que infelizmente hoje na memória
Como herança só deixaram vultos.

Amaro Vaz - Carangola, 10 de outubro de 2007

GAROTA DE ALUGUEL

Pinta a boca com as infinitas cores
De quem mendiga, um prazer alheio.
Teu pão de cada dia é sem recheio
A fome não sacia os teus pudores.

As tuas noites são feitas de calçadas
Em ruas frias de silêncios mórbidos.
Os teus prazeres são desejos sórdidos
Que voam as desumanas madrugadas.

O filho vive o ventre do abandono
Enquanto, no dia, dorme inteiro sono
Aquela atriz a quem cabe o papel.

De dar à vida um preço miserável
Num beijo de sabor tão deplorável
Vendendo o teu corpinho de aluguel.

Amaro Vaz - Carangola, 10 de outubro de 2007

SEM CENSURA, SEM FRESCURA

O nosso amor é um poema envolto
Por palavras santas e geniais besteiras.
Coisas que gente faz nas brincadeiras
Depois que deixa o bicho livre e solto.

Ele é um poema, que não se contenta
Em habitar a folha de um caderno.
Transita tanto o céu, tanto o inferno
Tamanha as coisas loucas que inventa.

Tem dias que se veste de lembrança
Apenas pra brincar com a criança
Que enfeita o céu da nossa timidez.

O nosso amor é pura saliência
E o despudor da sua indecência
A gente pede bis mais uma vez.

Amaro Vaz - Carangola, 09 de outubro de 2007

O CRAVO E A FERRADURA

O nosso caso é uma noite escura
Não tem estrelas e não tem luar.
Fica difícil a gente se encontrar
Num sentimento que é treva pura.

Até um simples gesto de carinho
Um deslizar de mãos pelo costado.
Provoca um fugir desesperado
Como se essas mãos tivessem espinho.

Assim a gente vai levando a vida
De ódio em ódio e de briga em briga
Desempenhamos o nosso papel.

Como o cravo e a velha ferradura
A gente se completa e se atura
E estamos sempre em lua de mel.

Amaro Vaz - Carangola, 09 de outubro de 2007

CONFUSÕES ETÍLICAS

Como se eu fosse um sarnento cão
Não me deixaste entrar na tua casa.
Ali eu vi, que já tinha a, própria, asa
Aquela moça que um dia dei a mão.

Ela mostrava um pedaço de pau
Falava coisas que eu não entendia.
Um desamor assim não conhecia
Se não me afasto, eu me dava mal.

Passei a noite, sentado na calçada
Tentando compreender essa charada
Que a vida colocou no meu caminho.

Quando o dia enfim amanheceu
Eu compreendi o que me aconteceu:
Tentei entrar na casa do vizinho.

Amaro Vaz - Carangola, 09 de otubro de 2007

NARIZ EMPINADO

Meu verso alegre, enfim se manifesta
E me leva a ousar novas tendências.
Deixar de lamentar tuas ausências
Será pra mim motivo de uma festa.

O peito era um canteiro de tristezas
Que eu regava com as tristes lágrimas.
Só escrevia nas saudosas páginas
De um livro feito à luz das incertezas.

Ao descobrir-me sem o meu passado
Confesso-me, um pouco atrapalhado
Porém, posso gritar que sou feliz.

Já posso ir e vir, sem o teu passo
A minha caminhada agora eu traço
Sou dono, enfim, do meu próprio nariz.

Amaro Vaz - Carangola, 09 de outubro de 2007

FALAR DE AMOR

Mamãe me ensinou a amar, amando
Porque ela entendia que o amor
É como, no jardim, a linda flor
Que a nossa emoção vai cultivando.

Eu amo amar o amor mais engraçado
Não tenho medo de amar e de ser bobo
Quem ama a fonte, também ama o lodo
Ama o correto e ama, ainda, o errado.

Dizem que amar é um verbo intransitivo
Por isso eu vivo o amor, que mais preciso
O amor da mãe, mulher, esposa, amiga.

Porque o amor é assim como a fogueira
Queima o egoísmo e a chaga inteira
Pra enfumaçar de amor a nossa vida.




AMARO VAZ

***Pra amiga -alma-irmã Ana Luiza

ADOLESCENCIANDO

Acalma esse teu verso forasteiro
Não dê ao passo medidas incabíveis
As caminhadas serão imprevisíveis
Se não tirares os pés do atoleiro.

O teu silêncio diga as verdades
Somente o coração vê mais distante
Não seja um potro atroz e galopante
Contenha todas as tuas ansiedades.

Não queira antecipar o teu futuro
Só sabe a luz, quem soube o escuro
Só sabe a guerra, quem viveu a paz.

Se o amanhã, o tempo antecipasse
A vida perderia o teu disfarce
E sem disfarce o sonho não se faz.


Amaro Vaz - Carangola, 30 de setembro de 2007

COISAS DE MÃE

Mamãe na sua doce ingenuidade
Jamais me autorizou um passo inteiro
Não permitia os “pintos do terreiro”
A ousadia, o sonho, a liberdade.

Quando em criança, a tudo eu aceitava
Porém, o tempo me fez diferente
Deixei de ser criança, e o adolescente
Já não ouvia, o que mamãe falava.

A tudo eu respondia: Cuido eu...
Das minhas coisas, da vida que me deu
Conheço todos os caminhos a seguir.

Agora é tarde. Tristes desenganos
Perdi a minha mãe, faz quinze anos
E há quinze anos, não sei pra onde ir.

Amaro Vaz - Carangola, 28 de setembro de 2007








***Este soneto eu estou tentando escrever desde o dia 3 de setembro. Acho que minha mãe me fez experimentar um parto.
Papai, ainda, está conosco. 92 aninhos de empadas, roscas amanteigadas, bolos e pães. Insiste em produzir essas coisinhas( lembra-se quando eu falei dos pães que eu entregava ??? ) em casa, e depois as entrega na padaria de minha irmã.
Jenario, faz um favorzinho pra mim:
Quando estiver com sua mãe, dê um beijão nela e diga que é o meu beijo

SIMPLESMENTE AMOR

Não me perguntes se, no amor, eu creio
Porque já sabes, o que eu irei dizer.
Eu vivo o amor e nele eu vou crer
Porque, de amar, não tenho receio.

O amor é o bem maior da humanidade
Das coisas de Deus é a melhor herança.
Por isso o homem à sua semelhança
Criou o Pai, não negue esta verdade.

Enquanto amor houver, há esperança
E quem espera amigo, sempre alcança
Sobre o amor, não me perguntes nada.

Deixe que eu morra de amor demais
Principalmente, porque não cabe mais
Um novo amor nessa minha estrada.

Amaro Vaz - Carangola, 27 de setembro de 2007

SENHOR DAS ESTRELAS

Ao amigo-irmão Jenário

Tenho um amigo, que se diz amante
Das estrelinhas que enfeitam o céu.
Vive fazendo aviõezinhos de papel
Para poder ir visitá-las no horizonte.

Ele consegue, com elas, se entender
E elas compreendem o que ele diz.
Não é loucura, é só um estar-feliz
Que faz este milagre acontecer.

Confesso, eu pensei inicialmente
Que ele fosse uma estrela cadente
Humanizada, só para me enganar.

Que tolo eu fui. Ele é apenas
Um pássaro-humano e sem penas
Capaz da louca aventura do voar.

Amaro Vaz - Carangola, 25 de setembro de 2007
O soneto SENHOR DAS ESTRELAS nasceu em razão do pedido, que o Jenário me fez através de um recadinho no Orkut.


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Jen@rio:
Vei caduco...pare de mexer com minhas namoradas as estrelas
num gosto que mexam com elas...

Ciumes das estrelas - Jenário de Fátima

Ciumes das estrelas

Jenario de Fátima

Amaro eu ja te disse amigo, pare.
De ficar incomodando minhas amantes
La em cima, com seus raios fulgurantes.
Não ha nada que no mundo lhes compare.

Hoje elas são mais minhas do que antes
Mas nem sempre eu consegui entende-las
Procurava com meus versos envolve-las
Mas as vezes me evitavam alguns instantes.

Por isso Amaro ,todo este meu ciume
Tenho medo que ao sentirem o perfume
Que evola e vem destes versos seus

Elas possam assim ficar meio confusas
E na claridade opaca e divusa
Elas venham ate pensar que és um Deus.

LEIAM O QUE ESTE VELHO APRONTOU PRA MIM. DEPOIS VEM DIZER QUE EU SOU CHORÃO...

LABIRINTOS

A nossa vida é um louco labirinto
Nela eu me perco, nela eu me acho
Nela sou um mar e sou um riacho
E sou a consciência e sou o instinto.

Minhas andanças por suas tantas ruas
Resulta, sempre, um novo aprendizado.
Mais eu me envolvo nesse emaranhado
Mais eu conheço as maravilhas suas.

Nesse seu beijo, com gosto de hortelã
É que eu acordo em todas as manhãs
Para defender, de cada dia, o pão.

Por isso eu peço a Deus nas orações:
Preserve os labirintos das emoções
E nunca deixe me faltar a gratidão.

Amaro Vaz - Carangola, 18 de setembro de 2007

UM DIA DE PAZ E SOL

Bendito seja o dia que acontece
Na minha casa e na minha vida
Ele é o suor dessa gostosa lida
A fé que reafirma a minha prece.

Nele o sol tem uma cor vermelha
E azul do céu é límpido e cristalino
Como o olhar medroso de um menino
Que acompanha o vôo de uma abelha.

Assim, eu vejo a noite se achegando
E, mansamente, a vejo expulsando
O sol que ilumina a terna alegria.

Por isso, num pedaço de papel.
Escrevo: Obrigado, Pai do Céu
Por dar-me, de presente, este dia.

Amaro Vaz  - Carangola, 17 de setembro de 2007

HUMANAS FUGAS

Uma criança pura e inocente
Parada no sinal me estende a mão
Como se nos olhos eu trouxesse o pão
Para matar-lhe a fome simplesmente.

Levanto o vidro, escondo o meu rosto
Pra não rever o filme do passado
Ali... naquele posto abandonado
Ficava eu na chuva e ao sol exposto.

Eu fui um malabarista nos sinais
Entregador de pizza e de jornais
Fui, ainda, um jovem delinqüente.

Hoje eu sou um velho rabugento
Por ora preso no congestionamento
De um passado atroz e humilhante.

Amaro Vaz - Carangola, 17 de setembro de 2007

CARAS E BOCAS

Não quero os meus dizeres envolvidos
Em bocas que não cabem os meus lábios
Nem sempre tem a voz requintes sábios
Por isso eu uso mais os meus ouvidos.

Quem fala o que quer... Está fadado
A ouvir o que não quer o coração.
Porque o verbo entorta a direção
Se a voz emite um som não planejado.

Por causa de uma frase impensada
Perde-se a mãe e perde-se a ninhada
Perde-se trem e perde-se o amigo.

Porque, na estação do imponderável
O preço da passagem é impagável
Se a voz não impõe limites ao que digo.


Amaro Vaz  - Carangola, 17 de setembro de 2007

DELÍRIOS

Abro a janela pra ver o domingo
Que se faz morno, sob um sol intenso
Na triste segunda-feira eu já penso
E posso vê-la, para mim, sorrindo.

Pra começar uma nova semana
Decreto, doravante, a quinta-feira.
Porque, ela antecede a sexta-feira
O dia dedicado aos pés-de-cana.

Ouvisse o meu patrão tais heresias
Talvez me desse de presente uns dias
Pra eu poder, com a preguiça passear.

Morrer de rir, “com o nada fazer”
Até a ingrata realidade vir dizer:
Esquece esse sonho e vem trabalhar.


Amaro Vaz - Carangola, 16 de setembro de 2007

LIMPANDO A ALMA

Atendendo um mote da irmã/amiga Celinha

Você pediu-me, pra eu limpar minha alma
Como se ela fosse o chão de um banheiro
Como se limpa o corpo sob o chuveiro
Você pediu-me, pra eu limpar minha alma.

Pedi um tempo, pra revirar o dentro
E escolher, o que abrigar em mim
Limpar a alma é descartar, enfim...
Os entulhos que lotam o sentimento.

Foi só abrir a porta e lá chegando...
O que não me agradava, eu ia jogando
Num monte de entulhos do passado.

Ao deparar-me com as velhas cicatrizes
Joguei no monte, uma por uma, as infelizes
Estava eu, de alma limpa, enfim curado.


Amaro Vaz
Carangola, 15 de setembro de 2007

PARA ISABEL REGINA ZOLIO DA SILVA

Eu hoje quero ultrapassar os limites
Num versejar sereno e tranquilo
Como escreveu João Etienne Filho
No seu livro de contos, Os tristes.

Fora um presente de Érica e Isabel
De Dona Shirley e, também, Shirlene
Faz tempo está comigo, é perene...
O texto, o sentimento, e o papel.

Hoje ao reler a linda dedicatória
Idealizei "as quatro" na memória
Suspirei fundo, o passado é afoito.

Belo Horizonte, Bairro Sagradinha
Moravam elas, naquela pracinha
Nilo Peçanha, em setenta oito.


Também para Shirley Zólio, Érica Zólio, e Shirlene Zólio.
O que Deus uniu, não separe o homem.

Postado no tópico Escrever para o passado em 14/09/07

(AMARO VAZ)

AMOR EM CHAMAS

Eu quero aproveitar esses momentos
De plena alegria e bom-humor
Para escrever no sexo do amor
Uns novos versos e uns pensamentos.

Vou escrever “tesão, paixão, delícia”.
Com as cores do amor e da ternura
Só pra não ter problemas com a censura
E nem virar um caso de polícia.

Porque o amor em tempos agitados
Como o que hoje estamos habituados
Já não é visto como amor somente.

Há sempre um chato (a) e um (a) calhorda
Que se imagina reinventando a roda
Ao ver num amor em chamas, algo indecente.


Amaro Vaz
Carangola,15 de setembro de 2007

OS DEZ MANDAMENTOS

É bom lembrar das tardes de domingo
Na pequena sala do Cine Mocambo
Não existia, naquele tempo, o Rambo.
Os Dez Mandamentos, o filme, era lindo.

Trocar revistas, o maior divertimento.
Da meninada em busca de aventura
Os nossos saberes, eram uma mistura
De aprendizado com entretenimento.

Hoje ao passar na praça da estação
O olhar encontra o velho casarão
E na memória uma cena eu repito:

Moisés, portando um simples cajado
Divide ao meio o mar bravo e agitado
Para fugir, com o seu povo, do Egito.

AMARO VAZ
Carangola, 15 de setembro de 2007

UM PAPO ENTRE AMIGOS

DE: AMARO/ PARA : BONECA

Mais um vez amiga, te superas
Ao relembrar quem somos e o que temos
Familia para alguns, isto é o que vemos
Ainda está nas filas de esperas.

Prefere esta besta malamada
Que todos chorem o leite derramado
Nas telas da TC, esse quadrado
Envia versos tristes à namorada.

O nosso riso, lhe causa desespero
A nossa vida, nele é sem tempero
Nossa familia é a sua tristeza.

Eu vou em frente, em paz, alegremente
Bebendo todas: cervejas, aguardentes
De bar em bar e de mesa em mesa.

ANA DOS ANJOS

Entre a Aninha, que a cada dia aflora
Em novos versos, inquietações
Vislumbro um só EU, Augusto mil perdões...
Eu vou ficar com o "EU" de Ana, agora.

Para entender suas canções, não necessito
De dicionários ou verbete explicativo
Pra doce Ana, o verbo AMAR é intransitivo
Nada é funério, nada soa esquisito.

Eu te abandono Augusto, com teus Anjos
Os meus neurônios cresceram, e os marmanjos
Precisam agora de um cantar mais sério.

Durma na paz de Deus, até, talvez, um dia
Conhecemo-nos, se lembra ?, numa livraria
E me levaste, inda criança, pra um cemitério.


AMARO VAZ

UM POUCO DE MIM, PARA QUEM FAZ MUITO POR MIM

Ler os teus versos tornou-se rotineiro
Tamanha a sede deles, necessidade
Tamanho o amor por eles, é verdade
Que deles eu me fiz o hospedeiro.

Não há um verso, que não emocione
Tudo o que vem de ti, me faz contente
Ana Luiza, o teu verso simplesmente
Da plena emoção, se fez um clone.

Menina-pássaro, teu canto enobrece
O meu espaço-vida, e, ainda, aquece
A alma, o coração, o riso, enfim...

Permita-me, se houver a inspiração
Ao vir te abraçar, pedir com emoção:
Faz poetisa, mil versos só pra mim.

(coisas do poeta Amaro )

OUTRAS SOMBRAS

No pessimista o sol de cada dia
É um incômodo, a razão da sombra
A claridade, a luz, tudo lhe assombra
Tudo lhe rouba a paz, a alegria.

Que Deus me livre, desta praga humana
Que nada vê, além do próprio umbigo
Bem cedo eu aprendi, meu rumo eu sigo
Sozinho, hei de cuidar da minha chama.

Porque no pessimista, o que importa
São os débitos, defeitos, tudo anota
Nada escapa de seu giz vermelho.

Na minha vida, que é um sol de alegria
Se eu tivesse muita grana, eu doaria
A todo pessimista um espelho.

Amaro Vaz Filho
10 de setembro de 2007

VOARES TANTOS

Eu já voei nas asas de um cometa
Em pensamentos, eu já voei o mundo
Voei os desencontros, o submundo
Só não voei na aflição, de tarja preta.

Eu já voei, em balões de gás inerte
Nas pipas coloridas, quando criança
Voei a realidade, na lembrança
Nos carnavais voei, era o confete.

Voei, porque voar era uma tática
A vida de quem voa, não é estática
E o sonho de quem voa é o infinito.

Voei, porque jamais eu tive medo
Porque voar é o melhor brinquedo
E além do mais, ainda, o mais bonito.

A LUZ DOS SIGNOS

Sou leonino amiga, e isto posto..
Eu vou dizer-te, ainda, um pouco mais
Carangolense, aqui dessas Gerais
Nasci brincando, dezesseis de agosto.

Aos nove anos, meu Deus maravilhoso
Presenteou-me, com uma irmãzinha
O nome dela é MARTA, e esta Martinha
É um motivo para sentir-me orgulhoso.

Não tenho mãe, apenas o pai me resta
Noventa e dois aninhos, e dá-lhe festa...
Faz pão, rosca-de-leite e brevidade.

Confesso minha amiga, eu não creio
Que a velhice, eu tenha em meu recheio
Para imitar meu pai, chegar à tua idade.

AMARO VAZ

TOLERÂNCIA

Eu reconheço, é preciso tolerância
Para manter a calma, o bom senso
O ser humano, eu, às vezes penso
É fruto da maldade e da arrogância.

Quando atingido, procuro em meu canto
Buscar a luz, reacender a minha chama
Não me permito o ódio, se ele inflama
Dou-lhe porrada, meto o pé, espanto.

Porém, eu sempre irei dizer... modere,
Segura as ondas, não se meta, espere
Somente o tempo há de mudar a rota.

Não quero papo, estou de quarentena
Deu pra notar, sua mente é tão pequena
Que o verso sofre e a rima se faz torta.

AMARO/MACAÉ/CARANGOLA

PELA PAZ, SERENIDADE, AMOR

Vestida de rosa, a luz da minha vida
Com traços verdes-vida em seu olhar
Vem, carinhosamente, me chamar
Dizer-me: Tá na hora da partida!..

Meus olhos, como em todo ser que ama
Procuram o seu olhar... então diviso
Nos seus lábios, entreabertos, um sorriso
Está, portanto, acesa inteira a chama.

Falar de amor, de filhos, vidas santas
Podem render poemas, coisas tantas
Capazes de encher de vida uma cidade.

Assim eu sou... e só assim me realizo
Por isso eu digo sempre, que preciso
Apenas ter irmãos nesta comunidade. 

AMARO/MACAÉ/CARANGOLA